Vacinação dos Docentes (covid19 e gripe)

O SINDEP congratula-se com o regresso às aulas presenciais, que consideramos uma ferramenta-chave não apenas no processo educativo formal, mas em todo o processo de sociabilização e de criação de ideais de cidadania das crianças e jovens.


No entanto, levantam-se-nos muitas preocupações quanto à forma como esse regresso e respetiva organização e logística está a ser organizado.


Por exemplo, uma situação que não está a merecer a devida atenção por parte da tutela prende-se com o aproximar do Inverno e o consequente aumento do número de baixas entre os professores e os funcionários motivados por doenças sazonais, como seja a gripe. Numa situação “normal” este aumento de absentismo por doença por parte de professores e demais funcionários já causa problemas ao normal funcionamento das atividades. Na atual situação de pandemia que vivemos, com o manancial de regras de proteção que somos obrigados a implementar, tudo se torna ainda mais difícil e perigoso. Turmas sem professor, por este estar de baixa, passarão a ser um problema de contornos muito mais graves, pois as soluções até aqui aplicadas poderão conflituar com as medidas de prevenção do covid-19 implementadas.

Nesse sentido o SINDEP propõe à tutela que, em articulação com o Ministério da Saúde, professores e trabalhadores não docentes da Educação, independentemente da sua idade, sejam abrangidos pelo plano de vacinação gratuito (não obrigatório) contra a gripe. Infelizmente, pela idade avançada da generalidade do nosso corpo docente, um número significativo de professores já usufrui dessa vacinação gratuita. É altura de a generalizar a todo o corpo docente (sem obrigatoriedade, reforçamos), para evitar o elevado absentismo que a gripe provoca, não apenas entre professores mas em todos os sectores da nossa sociedade, no Outono/Inverno.


Igualmente propomos que docentes e trabalhadores não docentes da educação sejam incluídos no grupo prioritário de acesso à vacina contra o covid-19, quando esta estiver disponível. A maioria dos especialistas a nível mundial estão de acordo em considerar a escola como um local de fácil propagação do vírus. As medidas já decididas estipulam, por exemplo, o confinamento de uma turma, ou duas, no caso de serem detetados casos positivos de infeção. A razão é clara: quebrar a série de contactos entre os positivos e os ainda não contaminados. Faz sentido. Só que, a cadeia de contactos vai continuar a existir... pelos professores, que obviamente não têm apenas uma turma, sendo que nestas situações estes docentes deveriam ser testados de imediato.

Também aqui faz todo o sentido impedir que os docentes (e demais trabalhadores da educação) que mantém contacto com um universo muito maior de alunos que os de uma única turma, se transformem no vetor de propagação do vírus.


Daí a nossa proposta de inclusão de docentes e demais trabalhadores da educação entre os grupos prioritários para a vacinação, quando esta surgir.


Vimos por este meio declarar toda a nossa disponibilidade para, em diálogo construtivo, encontrarmos soluções que permitam proteger as comunidades educativas, ajudando desta forma a combater a pandemia que nos afeta.


Queremos ser parte da solução, sendo que não nos parece que ela possa existir sem a participação dos professores, e relembrando que o vírus não escolhe entre professores, alunos, pais e diretores, pelo que todos temos de nos empenhar e colaborar nesta batalha.


Lisboa, 10 de setembro de 2020.

O Secretário-geral,

(João Rios)

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