Ministério Arredado da Realidade

No final do mês de fevereiro fomos confrontados com um relatório publicado por uma equipa de investigadores dos Centros para Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA que conclui que os professores podem desempenhar um papel central nas cadeias de transmissão que são detetadas nas escolas.
Não por acaso, dizemos nós, a Sra. Ministra da Saúde vem admitir publicamente incluir nos grupos prioritários na vacinação contra a covid-19 os professores e funcionários das escolas, revelando que essa "hipótese está a ser analisada em Portugal e noutros países".
Pasme-se que o Sr. Ministro da Educação aparece arredado da atualidade, não dando a conhecer opinião ou informação sobre esta matéria. No entanto, a contragosto, lá veio informar do que se passou nas escolas no período em que estiveram abertas, concluindo-se que o panorama não é tão idílico como o pretendeu pintar. O governo escondeu, enquanto pode, que mais de metade das escolas públicas registaram casos, ou seja, perto de 3000 estabelecimentos de educação e ensino não superior público do continente.
Para nós é claro que o regresso às aulas presenciais é uma ferramenta-chave não apenas no processo educativo formal, mas em todo o processo de sociabilização e de criação de ideais de cidadania das crianças e jovens, como repetidamente temos dito.
A reabertura das escolas resultará, segundo a Sra. Ministra da Saúde, da aplicação das regras que se conhecerão a 11 de março aquando do anúncio do plano de desconfinamento.
Esperamos que esse plano traga novas orientações, corrigindo algumas da orientações que foram dadas às escolas. Obviamente que deveriam ser ponderadas e reavaliadas algumas das medidas de reorganização do espaço escolar, principalmente no que toca às medidas de distanciamento físico e ventilação das salas.
E, também seria desejável uma melhor articulação/comunicação das escolas com a Autoridade de Saúde Local.
Parece-nos razoável exigir que se realizem nas escolas testes à covid-19 com carácter sistemático. Os testes deverão ser realizados em todas as escolas de forma regular e em todos os níveis de ensino, a alunos, docentes e não docentes, por forma a detetar precocemente infeções pelo novo coronavírus.
Finalmente, o aparecimento de cada vez mais grupos prioritários na aplicação da vacina não nos deixa sossegados, proliferando ao sabor do politicamente correto.
Sempre achámos (aliás fomos os primeiros a defendê-lo publicamente) que docentes e trabalhadores não docentes da educação deveriam ser incluídos no grupo prioritário de acesso à vacina contra a covid-19 como sugeriam os especialistas e também o bom senso.
Lisboa, 09 de março de 2021
O Secretário-geral,
(João Rios)